Mulheres de Goiás: Autonomia Feminina em Foco

Mulheres de Goiás promovem autonomia e transformação por meio da sororidade e da troca de saberes

No último dia 13 de março, a Associação Cultura, Cidade e Arte (ACCA) promoveu a live “Troca de Saberes: Cultivando Afetos e Tecendo Autonomia”, parte da campanha “Autonomia Feminina: Da Consciência à Ação”. O evento reuniu mulheres de Goiás com diferentes trajetórias, conectadas pelo compromisso de fomentar a autonomia feminina a partir de reflexões, diálogos abertos e ações práticas transformadoras.

Sob a condução de Márcia Pelá, ativista feminista, pesquisadora e presidente da ACCA, a transmissão enfatizou temas fundamentais para o feminismo contemporâneo: a análise da misoginia internalizada, a força da sororidade, o combate à violência digital e o papel do corpo feminino na construção de uma autonomia integral. As convidadas partilharam experiências e reflexões essenciais:

  • Iarle Sousa Ferreira – Professora de Filosofia do Instituto Federal de Goiás (IFG), militante feminista e coordenadora do projeto “Troca de Saberes entre Mulheres: Cultivando Afetos e Tecendo Ações”.
  • Rosângela Soares Campos – Professora de Educação Física do IFG, pesquisadora sobre o fortalecimento das mulheres por meio do esporte e da corporeidade.
  • Flávia de Almeida Pinheiro – Professora de Matemática do IFG, atuante em projetos de inclusão e acessibilidade destinados a mulheres em situação de vulnerabilidade.

Logo após as apresentações, cada convidada descreveu os obstáculos enfrentados pelas mulheres em Goiás, traçando paralelos com desafios existentes em outras regiões do Brasil. A diversidade de áreas de atuação — da filosofia à educação física e à matemática — evidenciou como a pluralidade de saberes fortalece a sororidade e amplia o alcance do movimento feminista, indo além dos espaços acadêmicos.

Um olhar aprofundado sobre a Misoginia Internalizada

A conversa destacou o impacto da misoginia internalizada — a adoção inconsciente de valores e comportamentos machistas que minam a autoestima e afetam as relações entre mulheres. Pequenos gestos diários, como rivalidades ou autodepreciações, expõem como esses padrões se tornam naturais e perpetuam estereótipos que dificultam a conquista de direitos.

A professora Iarle Sousa Ferreira pontuou:

“Precisamos entender como a misoginia internalizada opera dentro de nós mesmas. Só assim podemos iniciar um processo real de mudança e transformação pessoal e coletiva.”

Os debates sublinharam a importância de aprofundar a compreensão histórica e sociocultural de tais comportamentos, para que as próprias mulheres reconheçam como atuam nesses cenários e consigam romper as barreiras impostas pela estrutura patriarcal.

Corpo e Autonomia Feminina

Outro ponto crucial foi a relação do corpo feminino com normas estéticas e julgamentos morais que dificultam a autonomia de cada mulher. A professora Rosângela Soares Campos destacou os efeitos nocivos dessa objetificação, lembrando que a falta de soberania corporal impacta diretamente a saúde física, mental e emocional:

“Precisamos recuperar o direito sobre nossos corpos, entender que ele nos pertence, livre de qualquer julgamento ou controle externo.”

Recuperar essa autonomia física e simbólica enriquece tanto a dimensão pessoal quanto a coletiva, pois questiona padrões impostos, reforça a autoestima e inspira ações de acolhimento, em que mulheres reconhecem suas lutas e conquistas em comum.

Projeto “Troca de Saberes”: ação concreta de transformação

Entre os principais exemplos de ações transformadoras, destacou-se o projeto coordenado por Iarle Sousa Ferreira: “Troca de Saberes entre Mulheres: Cultivando Afetos e Tecendo Ações”. Realizado em encontros regulares, o projeto une saberes acadêmicos e populares, priorizando a criação de espaços seguros para diálogo, aprendizado e fortalecimento emocional. Oficinas, rodas de conversa e atividades físicas são algumas das ferramentas empregadas para construir redes de apoio que se tornam alicerces de mudança.

“Essas redes de apoio não são só importantes, são essenciais. Precisamos criar espaços seguros onde mulheres possam se apoiar mutuamente e construir uma autonomia verdadeira”, reforçou Rosângela Soares Campos.

De forma complementar, a professora Flávia de Almeida Pinheiro salientou a necessidade de inclusão e acessibilidade:

“Precisamos garantir que todas as mulheres tenham acesso a esses encontros e atividades, independentemente de suas condições socioeconômicas, porque a transformação só é real quando alcança todas nós.”

Ao ampliar o alcance dessas iniciativas, fortalece-se o compromisso de levar informação e assistência a mulheres em contextos diversos, consolidando uma rede de solidariedade que possibilite resultados práticos e duradouros.

Sororidade e construção de um feminismo que transforma

A sororidade — expressão de solidariedade ativa entre mulheres — permeou todo o debate como um valor capaz de sustentar mudanças profundas. As convidadas destacaram que, ao compartilhar vivências, acolher demandas e fortalecer vínculos, o coletivo torna-se ainda mais potente na elaboração de soluções para desafios diversos, como a violência digital, o assédio e a desigualdade no mercado de trabalho.

Outro ponto enfatizado foi a urgência de desmistificar o feminismo, muitas vezes retratado de forma equivocada. As participantes reforçaram que o feminismo constitui uma luta legítima por direitos, dignidade e equidade, e que o conhecimento produzido em eventos, pesquisas e projetos deve reverberar na sociedade, estimulando práticas concretas de transformação.

“Nosso objetivo é muito claro: não queremos apenas debater, mas estimular ações práticas que possam realmente transformar a vida das mulheres”, frisou Márcia Pelá, indicando o compromisso contínuo da ACCA com iniciativas que promovam mudanças significativas.

Para quem deseja se aprofundar

Assista aqui a live completa no YouTube e mergulhe nas reflexões sobre autonomia feminina, misoginia internalizada, corpo feminino e sororidade.

Se você acredita na força da mobilização coletiva, conheça mais sobre as ações da ACCA e faça parte dessa rede de mulheres de Goiás que lutam pela transformação social.

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Palavras-chave (Keywords):

Autonomia feminina, Misoginia internalizada, Sororidade, Feminismo, Corpo feminino, Mulheres Goiás, ACCA Goiânia, Troca de Saberes